Estava conversando com uma amiga e veio uma lembrança de uma das intervenções mais acintosas de meu Anjo da Guarda, antes que voltasse ao limbo das minhas sinapses decidi transforma-la em letrinhas.
Não é algo que as pessoas acreditem muito e eu mesmo talvez não acreditasse se não tivesse acontecido comigo.
Foi em 1978, eu tinha acabado de comprar minha primeira moto zero, uma simples CG 125, mas era o que tinha de melhor naquela época, tinha acabado de ser lançada no mercado brasileiro.
Decidi que faria a viagem Rio-Ribeirão Preto, que tantas vezes tinha feito de ônibus, me preparei para a aventura e sabe-se lá porque, decidi que seria uma viagem noturna.
Chequei tudo, não sai na noite anterior a viagem e dormi muito bem, pra garantir que não haveria problemas tirei um cochilo de tarde, pouco antes da viagem.
Logo ao sair um problema... ainda dentro do quartel quase caio da moto ao fazer uma curva, o pneu traseiro tinha sido esvaziado em parte, por brincadeira de um imbecil. Enchi o pneu e segui em frente, sem me preocupar muito com aquele "aviso".
Mais a frente, ainda na avenida Brasil o pneu esvaziou de novo e certamente meu prestativo anjo já estava interferindo ali, se isso acontece de outra forma eu poderia ter problemas mais graves. Fui a um borracheiro, que verificou que a brincadeira de quem esvaziou o pneu causou problemas na válvula, que ficou vazando, ele trocou o miolo da válvula, garantiu que ficaria tudo bem e segui viagem.
Nesta história perdi algum tempo e quando entrei pra valer na Dutra já eram umas 20 horas.
Eu tinha um capacete com entrada de som, algo não muito comum naquela época e como não existiam MP3 ou mesmo Walkmans eu carregava um enorme gravador "portátil" numa das bolsas e tasquei uma fita dos Carpenters pra tocar e segui minha viagem, ao som da voz melodiosa da Karen.
Tremendo erro...
Apesar de tanto descanso, acho que a monotonia da estrada, a vozinha macia no ouvido e sabe-se lá o que mais me hipnotizaram e dormi.
Sim... eu dormi, na Dutra, a mais de 100 km por hora, que era o máximo que aquela motoquinha conseguia.
Provavelmente não estaria aqui contando isso se meu anjo não tivesse feito hora extra, talvez ele tenha chamado a cavalaria pra me ajudar mas o fato é que o que aconteceu depois deste ponto eu só soube porque um anjo de carne e osso me contou.
Este anjo era um motorista de caminhão, uma enorme carreta que junto com outro anjo, travestido de motorista da Itapemirim simplesmente fecharam a minha retaguarda com seus veículos e ficaram esperando eu cair da moto.
Segundo o relato do motorista de caminhão eu fiquei longos 15 minutos - isso mesmo, 15 minutos - dormindo em cima da moto. Disse ele que ora eu ia na direção da mureta central e que ele esperava a batida e a queda, mas eu milagrosamente desviava e seguia mais um pouco, depois ia na direção do acostamento e as vezes entrava nele, mas voltava a pista... sem cair.
Naturalmente não me lembro disso, afinal eu estava dormindo, mas me lembro que de repente a moto começou a vibrar loucamente e instintivamente parei e percebi que estava no acostamento.
Em seguida ouvi o barulho de freios e vi o enorme caminhão parando mais a frente.
Fiquei ali parado e vi o motorista sair do caminhão me xingando, ele ficou tão furioso que bateu várias vezes com a mão em meu capacete.
Embora estivesse assustado tirei o capacete e comecei a conversar com o cara, que chorando me falou sobre minha "proeza".
Percebi que realmente eu tinha vacilado e na sequência ele sugeriu que eu colocasse a moto na carroceria do caminhão (que estava vazio) e seguisse viagem na cabine, até Sampa, pra onde ele iria.
Apesar do absurdo da situação eu topei, amarramos a moto, entrei na cabine e acordei praticamente em Sampa, dormi a viagem toda.
Já era manhã, descemos a moto, peguei a saída para a Anhanguera e cheguei bem em Ribeirão Preto, com algumas horas de atraso, mas inteiro.
Não foi por mérito meu. Vários anjos atuaram pra eu completar aquela viagem, que foi a minha primeira viagem longa com uma moto, houve outras e em todas aconteceram coisas estranhas, mas isso eu conto em outros posts.
Com relação ao idiota que esvaziou meu pneu, fiquei sabendo quem foi porque o espertinho andou se vangloriando de sua estupidez. Eu nunca soube se o que ele fez contribuiu para o bem ou para o mal, mas resolvi me vingar e em uma noite de chuva no quartel peguei uma mangueira e enchi o armário dele de água pelo respirador.
Quando ele voltou e encontrou tudo molhado fingi surpresa e sugeri que provavelmente foi algum vazamento no telhado, já que havia mesmo isso lá e tinha sido consertado, mas sabem como é né... consertos estragam.
Hoje penso que talvez o que ele fez fizesse parte de um plano e pode ser que ele também tenha sido um anjo em sua "brincadeira", mesmo assim não me arrependo de ter inundado aquele armário.
E Carpenters pilotando, nunca mais.
Obrigado meus caros anjos, jamais teria como lhes agradecer por tudo que me fizeram de bom, mas agradeço com o que tenho e deixo o registro, pra que eu mesmo não me esqueça.
Não é algo que as pessoas acreditem muito e eu mesmo talvez não acreditasse se não tivesse acontecido comigo.
Foi em 1978, eu tinha acabado de comprar minha primeira moto zero, uma simples CG 125, mas era o que tinha de melhor naquela época, tinha acabado de ser lançada no mercado brasileiro.
Decidi que faria a viagem Rio-Ribeirão Preto, que tantas vezes tinha feito de ônibus, me preparei para a aventura e sabe-se lá porque, decidi que seria uma viagem noturna.
Chequei tudo, não sai na noite anterior a viagem e dormi muito bem, pra garantir que não haveria problemas tirei um cochilo de tarde, pouco antes da viagem.
Logo ao sair um problema... ainda dentro do quartel quase caio da moto ao fazer uma curva, o pneu traseiro tinha sido esvaziado em parte, por brincadeira de um imbecil. Enchi o pneu e segui em frente, sem me preocupar muito com aquele "aviso".
Mais a frente, ainda na avenida Brasil o pneu esvaziou de novo e certamente meu prestativo anjo já estava interferindo ali, se isso acontece de outra forma eu poderia ter problemas mais graves. Fui a um borracheiro, que verificou que a brincadeira de quem esvaziou o pneu causou problemas na válvula, que ficou vazando, ele trocou o miolo da válvula, garantiu que ficaria tudo bem e segui viagem.
Nesta história perdi algum tempo e quando entrei pra valer na Dutra já eram umas 20 horas.
Eu tinha um capacete com entrada de som, algo não muito comum naquela época e como não existiam MP3 ou mesmo Walkmans eu carregava um enorme gravador "portátil" numa das bolsas e tasquei uma fita dos Carpenters pra tocar e segui minha viagem, ao som da voz melodiosa da Karen.
Tremendo erro...
Apesar de tanto descanso, acho que a monotonia da estrada, a vozinha macia no ouvido e sabe-se lá o que mais me hipnotizaram e dormi.
Sim... eu dormi, na Dutra, a mais de 100 km por hora, que era o máximo que aquela motoquinha conseguia.
Provavelmente não estaria aqui contando isso se meu anjo não tivesse feito hora extra, talvez ele tenha chamado a cavalaria pra me ajudar mas o fato é que o que aconteceu depois deste ponto eu só soube porque um anjo de carne e osso me contou.
Este anjo era um motorista de caminhão, uma enorme carreta que junto com outro anjo, travestido de motorista da Itapemirim simplesmente fecharam a minha retaguarda com seus veículos e ficaram esperando eu cair da moto.
Segundo o relato do motorista de caminhão eu fiquei longos 15 minutos - isso mesmo, 15 minutos - dormindo em cima da moto. Disse ele que ora eu ia na direção da mureta central e que ele esperava a batida e a queda, mas eu milagrosamente desviava e seguia mais um pouco, depois ia na direção do acostamento e as vezes entrava nele, mas voltava a pista... sem cair.
Naturalmente não me lembro disso, afinal eu estava dormindo, mas me lembro que de repente a moto começou a vibrar loucamente e instintivamente parei e percebi que estava no acostamento.
Em seguida ouvi o barulho de freios e vi o enorme caminhão parando mais a frente.
Fiquei ali parado e vi o motorista sair do caminhão me xingando, ele ficou tão furioso que bateu várias vezes com a mão em meu capacete.
Embora estivesse assustado tirei o capacete e comecei a conversar com o cara, que chorando me falou sobre minha "proeza".
Percebi que realmente eu tinha vacilado e na sequência ele sugeriu que eu colocasse a moto na carroceria do caminhão (que estava vazio) e seguisse viagem na cabine, até Sampa, pra onde ele iria.
Apesar do absurdo da situação eu topei, amarramos a moto, entrei na cabine e acordei praticamente em Sampa, dormi a viagem toda.
Já era manhã, descemos a moto, peguei a saída para a Anhanguera e cheguei bem em Ribeirão Preto, com algumas horas de atraso, mas inteiro.
Não foi por mérito meu. Vários anjos atuaram pra eu completar aquela viagem, que foi a minha primeira viagem longa com uma moto, houve outras e em todas aconteceram coisas estranhas, mas isso eu conto em outros posts.
Com relação ao idiota que esvaziou meu pneu, fiquei sabendo quem foi porque o espertinho andou se vangloriando de sua estupidez. Eu nunca soube se o que ele fez contribuiu para o bem ou para o mal, mas resolvi me vingar e em uma noite de chuva no quartel peguei uma mangueira e enchi o armário dele de água pelo respirador.
Quando ele voltou e encontrou tudo molhado fingi surpresa e sugeri que provavelmente foi algum vazamento no telhado, já que havia mesmo isso lá e tinha sido consertado, mas sabem como é né... consertos estragam.
Hoje penso que talvez o que ele fez fizesse parte de um plano e pode ser que ele também tenha sido um anjo em sua "brincadeira", mesmo assim não me arrependo de ter inundado aquele armário.
E Carpenters pilotando, nunca mais.
Obrigado meus caros anjos, jamais teria como lhes agradecer por tudo que me fizeram de bom, mas agradeço com o que tenho e deixo o registro, pra que eu mesmo não me esqueça.