terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Hora extra

Estava conversando com uma amiga e veio uma lembrança de uma das intervenções mais acintosas de meu Anjo da Guarda, antes que voltasse ao limbo das minhas sinapses decidi transforma-la em letrinhas.
Não é algo que as pessoas acreditem muito e eu mesmo talvez não acreditasse se não tivesse acontecido comigo.
Foi em 1978, eu tinha acabado de comprar minha primeira moto zero, uma simples CG 125, mas era o que tinha de melhor naquela época, tinha acabado de ser lançada no mercado brasileiro.
Decidi que faria a viagem Rio-Ribeirão Preto, que tantas vezes tinha feito de ônibus, me preparei para a aventura e sabe-se lá porque, decidi que seria uma viagem noturna.
Chequei tudo, não sai na noite anterior a viagem e dormi muito bem, pra garantir que não haveria problemas tirei um cochilo de tarde, pouco antes da viagem.
Logo ao sair um problema... ainda dentro do quartel quase caio da moto ao fazer uma curva, o pneu traseiro tinha sido esvaziado em parte, por brincadeira de um imbecil. Enchi o pneu e segui em frente, sem me preocupar muito com aquele "aviso".
Mais a frente, ainda na avenida Brasil o pneu esvaziou de novo e certamente meu prestativo anjo já estava interferindo ali, se isso acontece de outra forma eu poderia ter problemas mais graves. Fui a um borracheiro, que verificou que a brincadeira de quem esvaziou o pneu causou problemas na válvula, que ficou vazando, ele trocou o miolo da válvula, garantiu que ficaria tudo bem e segui viagem.
Nesta história perdi algum tempo e quando entrei pra valer na Dutra já eram umas 20 horas.
Eu tinha um capacete com entrada de som, algo não muito comum naquela época e como não existiam MP3 ou mesmo Walkmans eu carregava um enorme gravador "portátil" numa das bolsas e tasquei uma fita dos Carpenters pra tocar e segui minha viagem, ao som da voz melodiosa da Karen.
Tremendo erro...
Apesar de tanto descanso, acho que a monotonia da estrada, a vozinha macia no ouvido e sabe-se lá o que mais me hipnotizaram e dormi.
Sim... eu dormi, na Dutra, a mais de 100 km por hora, que era o máximo que aquela motoquinha conseguia.
Provavelmente não estaria aqui contando isso se meu anjo não tivesse feito hora extra, talvez ele tenha chamado a cavalaria pra me ajudar mas o fato é que o que aconteceu depois deste ponto eu só soube porque um anjo de carne e osso me contou.
Este anjo era um motorista de caminhão, uma enorme carreta que junto com outro anjo, travestido de motorista da Itapemirim simplesmente fecharam a minha retaguarda com seus veículos e ficaram esperando eu cair da moto.
Segundo o relato do motorista de caminhão eu fiquei longos 15 minutos - isso mesmo, 15 minutos - dormindo em cima da moto. Disse ele que ora eu ia na direção da mureta central e que ele esperava a batida e a queda, mas eu milagrosamente desviava e seguia mais um pouco, depois ia na direção do acostamento e as vezes entrava nele, mas voltava a pista... sem cair.
Naturalmente não me lembro disso, afinal eu estava dormindo, mas me lembro que de repente a moto começou a vibrar loucamente e instintivamente parei e percebi que estava no acostamento.
Em seguida ouvi o barulho de freios e vi o enorme caminhão parando mais a frente.
Fiquei ali parado e vi o motorista sair do caminhão me xingando, ele ficou tão furioso que bateu várias vezes com a mão em meu capacete.
Embora estivesse assustado tirei o capacete e comecei a conversar com o cara, que chorando me falou sobre minha "proeza".
Percebi que realmente eu tinha vacilado e na sequência ele sugeriu que eu colocasse a moto na carroceria do caminhão (que estava vazio) e seguisse viagem na cabine, até Sampa, pra onde ele iria.
Apesar do absurdo da situação eu topei, amarramos a moto, entrei na cabine e acordei praticamente em Sampa, dormi a viagem toda.
Já era manhã, descemos a moto, peguei a saída para a Anhanguera e cheguei bem em Ribeirão Preto, com algumas horas de atraso, mas inteiro.
Não foi por mérito meu. Vários anjos atuaram pra eu completar aquela viagem, que foi a minha primeira viagem longa com uma moto, houve outras e em todas aconteceram coisas estranhas, mas isso eu conto em outros posts.
Com relação ao idiota que esvaziou meu pneu, fiquei sabendo quem foi porque o espertinho andou se vangloriando de sua estupidez. Eu nunca soube se o que ele fez contribuiu para o bem ou para o mal, mas resolvi me vingar e em uma noite de chuva no quartel peguei uma mangueira e enchi o armário dele de água pelo respirador.
Quando ele voltou e encontrou tudo molhado fingi surpresa e sugeri que provavelmente foi algum vazamento no telhado, já que havia mesmo isso lá e tinha sido consertado, mas sabem como é né... consertos estragam.
Hoje penso que talvez o que ele fez fizesse parte de um plano e pode ser que ele também tenha sido um anjo em sua "brincadeira", mesmo assim não me arrependo de ter inundado aquele armário.
E Carpenters pilotando, nunca mais.
Obrigado meus caros anjos, jamais teria como lhes agradecer por tudo que me fizeram de bom, mas agradeço com o que tenho e deixo o registro, pra que eu mesmo não me esqueça.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Anjo gordo

Quando decidi fazer este blog pensei que não haveria muito a colocar e percebo que já estou na sétima postagem e sem vontade de parar.
Acabei de escrever um post sobre uma lembrança de quando entendi que fui eu o anjo e em seguida me lembro de outra.
Era noite e eu viajava do Rio para uma cidadezinha próxima, estava com minha primeira esposa, a Vera e a viagem tinha sido um pouco atribulada.
Errei a saída da cidade e acabei passando por um lugar pouco recomendável e próximo de uma lombada numa estrada escura percebi que havia pessoas em atitude suspeita.
Reduzi a velocidade como se fosse parar mas acelerei em seguida, voando por cima da lombada.
E não foi a única... tinha outras e tive que repetir a ação em todas, pois em todas havia pessoas em volta.
Vera estava grávida e estava aterrorizada.
Mas nossos anjos atuaram e o único saldo negativo foi o escapamento do golzinho, que simplesmente soltou.
Parei num posto, tirei o pedaço solto e prossegui a viagem sem maiores problemas.
Mas então vi um carro parado na estrada.... umas 3 crianças e um casal, acenando desesperadamente pra gente parar.
Parei bem a frente e Vera suplicava para eu seguir em frente... mas não dava.
Se tivesse seguido em frente ia ficar - pra sempre - com a imagem daquelas pessoas pedindo socorro.
Deixei a chave com ela, falei que se eu não voltasse sozinho que era pra ela arrancar e buscar ajuda em algum lugar, ela teve que se render.
Andei até o carro e percebi que era um problema real.
O pneu tinha furado e a chave de roda do cara estava espanada, ele estava ali fazia muito tempo.
Olha só que coisa... eu tinha acabado de comprar um super chave de roda e um macaco novo pro meu carro, essas coisas de quem gosta de ferramentas.
Voltei ao carro- sozinho - dei ré e fui lá tentar resolver o problema.
A coisa tava feia, acho que o cara usou a chave ao contrário e aperto os parafusos ao invés de solta-los, não dava pra soltar de jeito nenhum.
Mas minha super chave tinha uma extensão, uma espécie de cano extra que permitia aumentar seu cabo e pisar em cima.
Pisar não adiantava... tive que pular em cima... literalmente.
Enquanto estava lá - pulando - ouvi um comentário de um dos meninos:

- Ainda bem que Deus mandou um anjo gordo;

Depois desse comentário rimos todos e as porcas soltaram, o pneu foi trocado a familia agradeceu e seguimos viagem.

O lugar era uma subida, logo acima, pouco mais de 2 km, um posto de gasolina.

Putz, o cara ficou o tempo todo ali, pedindo ajuda e nem sabia que tinha um posto logo ali, nem eu.

Mas é bom ter este tipo de oportunidade na vida. Naquele dia sei que pude dar uma folga a algum anjo.

Eu, anjo

Como falei no primeiro post, não consigo lembrar de muitas vezes em que me senti o anjo, certamente as lembranças virão, mas pelo menos uma delas eu lembro agora.
A data provavelmente é entre 1995/1999 e não lembro com precisão, mas lembro que estava dentro de um supermercado, fazendo compras.
Um barulho estranho me levou para fora e entendi o que tinha acontecido imediatamente, sem ninguém me falar nada.
No asfalto um homem agonizava, com o sangue jorrando abundante pela cabeça partida em algum lugar, um carro parado na rua e um homem telefonando.
Normalmente costumo me afastar deste tipo de cena, não suporto ver sangue e suporto menos ainda ver uma pessoa nesta situação.
Mas desta vez não me afastei e quando percebi, fazia algo que sempre disse a mim mesmo que jamais faria.
Sentei do lado do cara e levantei um pouco a cabeça dele, pois percebi que estava se afogando no próprio sangue... fazia borbulhas e portanto estava respirando.
Fiquei ali falando não sei o que e não sei pra que e levantei assim que chegou um para-médido em uma bicicleta.
Isso mesmo... o cara chegou de bicicleta, com equipamento e tudo e assumiu os cuidados.
Em seguida chegou o carro dos bombeiros e sai dali, não havia mais nada a fazer.
Só me dei realmente conta do que tinha feito quando peguei meu carrinho de compras de novo (tinha abandonado dentro do super-mercado) e fui para o caixa.
O olhar meio aterrorizado da caixa me trouxe de volta ao mundo real. Minha camisa estava encharcada pelo sangue do atropelado.
Fui pra casa e fiquei lá.... imaginando o porque de ter passado por aquela experiência estranha.
Nunca soube.
Nunca soube ao certo também o que aconteceu com o cara.
Perguntei a algumas pessoas e soube que era zelador de um prédio próximo e alguns disseram que ele sobreviveu ao acidente.
E não sei se foi um sonho ou se aconteceu realmente, mas me lembro de ter sido abordado por alguém que disse ser filha dele e que ela disse obrigado.
Sempre achei que isso realmente tinha ocorrido, que fui abordado pela moça na rua mas como ela sabia quem eu era? Só se estava lá no dia... não sei.
Sempre tive medo de procurar saber quem era, o que realmente aconteceu.
O que sei é que naquele momento eu era o anjo da vez, o resto não importa.

De onde vem o calombo?

Preste atenção nesta foto... olhe bem ao lado de minha orelha.
Feio né?
Esse "calombo" me acompanha desde os 5 anos de idade e não é tumor ou algo parecido, na verdade é resultado de um encontro de minha cabeça com um poste.
Foi numa ladeira, eu descia de carrinho de rolimã por ali e este poste entrou no caminho
Ainda bem que bati com a parte mais dura de meu corpo e ainda bem que meu anjo atuou e creio que o calombo ficou pra eu me lembrar de ter mais juízo, embora não tenha adiantado muito.
Em março deste ano devo tirar esse calombo, chega de assustar as pessoas cada vez que corto o cabelo.
Tudo é em função de uma nova postura que resolvi tomar em relação a vida, já tirei um calombo ainda mais feio do umbigo e estou aproveitando para tentar fazer de mim uma pessoa com melhor aparência.
A flor que seguro é um exemplo disso, faz parte de meu aprendizado em participar mais de tornar este mundo um lugar melhor e mais bonito e evidentemente tenho que começar por mim.
A mesma foto está em meu Orkut, mas editei no Photoshop, quem quiser ver a versão já sem calombo pode clicar na própria foto e será levado a foto original.

Lembranças muito distantes...

Fiquei pensando em quando teria sido a "primeira" intervenção de meu anjo que eu lembrasse e me veio a mente um jipe, andando pela noite. Meu pai - provavelmente embriagado - dirigindo e não sei bem quem caiu quando aquela frágil porta de jipe se abriu em uma curva.
Outro dia, conversando com minha mãe, ela falou que quase foi arremessada pela porta - comigo no colo - mas que meu pai segurou-a e a trouxe de volta.
Pois sim que foi só ele...
Essa eu lembro, devia ter menos que 3 anos mas tneho a lembrança deste momento na memória, mas há outra ainda mais distante, contada por minha mãe e que esclarece bem porque me chamo Divino.
Sou o primogênito e meu nome já estava escolhido antes de eu nascer, era pra ser Roberto Carlos.
Mas a dona Ignes, que era marinheira de primeira viagem não sabia bem o que tinha que fazer e uma das coisas que tentou fazer foi ir ao banheiro...
Bom, naquele tempo e onde ela morava os banheiros eram no quintal de casa, chamados de "fossa" e nem tentarei explicar a quem nunca viu uma do que se trata, já é duro pensar que corri o risco de nascer em uma.
E se não nasci ali, não foi apenas por mérito da dona Ignes, certamente meu anjo já fazia hora-extra antes mesmo de eu nascer.
Como ele fez um bom trabalho eu demorei mais um pouco e as vizinhas decidiram que meu nome deveria ser Divino e não Roberto.
Diz minha mãe que também me deram um "banho" de jóias, pra eu ser "rico", as jóias provavelmente eram falsas, mas a intenção com certeza foi boa porque a riqueza espiritual sempre me acompanhou e a outra - sinceramente - nunca fez falta.

Oração ao anjo da guarda

Nem sei se isso é "oficial", mas achei na Internet e gostei, então estou publicando.

Oração aos Anjos da guarda

Espíritos esclarecidos e benevolentes, mensageiros de Deus, que tendes por missão assistir os homens e conduzi-los pelo bom caminho, sustentai-me nas provas desta vida; dai-me a força de suportá-las.
Esclarecei a minha consciência com relação aos meus defeitos e tirai-me dos olhos o véu do orgulho, capaz de impedir que os perceba e confesse a mim mesmo.
A ti sobretudo, meu anjo da guarda, que mais particularmente velas por mim, e a todos vós, espíritos protetores, que por mim vos interessais, peço fazerdes que me torne digno da vossa proteção.
Conheceis as minhas necessidades: sejam elas atendidas segundo a vontade de Deus.
Amém...


Qual a razão deste blog?

Após uma queda de conexão, uma amiga brincou comigo se eu tinha me machucado e ao dizer que sou "duro na queda" o papo chegou a quedas reais e me lembrei de quanto dei trabalho a meu anjo da guarda... não só em quedas, mas o tempo todo.
E comecei a lembrar do quanto ele foi eficiente e pensei... porque não um blog?
Já tenho um blog de causos da minha vida, mas achei que esse anjo merece um especial pra ele, é pouco perto do que fez por mim, na verdade é quase nada.
Mas pelo menos quero lembrar e demonstrar que estou agradecido, mesmo porque poderei agradecer a tantos anjos que Deus mandou em toda minha vida e até de momentos em que fui anjo de alguém, pois já houve, embora eu não me lembre de tantos.
Enfim, é isso.
O que?
Não acredita em anjos da guarda?
Sorte a sua, incrédulo leitor ou descrente leitora...que eles acreditam em você!